19 Agosto 2025

‘É Assim Que Acaba’: polêmicas, sucesso e o motivo da divisão de opiniões

O romance “É Assim Que Acaba”, da autora norte-americana Colleen Hoover, tornou-se um fenômeno editorial no Brasil, ultrapassando a marca de 1,3 milhão de exemplares vendidos, segundo o Grupo Record. Lançado originalmente em 2016, o livro ganhou ainda mais destaque com a popularização no TikTok, chegando a ser o mais vendido do país em 2022. No ano seguinte, foi superado apenas por sua continuação, “É Assim Que Começa”, que assumiu a liderança no ranking de vendas.

Agora, a história chega aos cinemas em uma adaptação estrelada por Blake Lively e Justin Baldoni – este último também assina a direção. O longa busca retratar de forma sensível um tema delicado que é o cerne do enredo: a violência doméstica.

Enredo e inspiração pessoal

A trama acompanha Lily Bloom, jovem de pouco mais de 20 anos que inicia um relacionamento com Ryle, um neurocirurgião carismático. No entanto, o romance rapidamente se transforma, revelando episódios de abuso físico e verbal. Lily, que cresceu presenciando a mãe ser agredida pelo pai, tenta justificar o comportamento do parceiro, repetindo um ciclo traumático que marcou sua infância.

A situação se intensifica quando ela reencontra Atlas, um amor do passado, que tenta alertá-la sobre os perigos dessa relação. Ao final, Colleen Hoover revela que a história foi inspirada em experiências reais de sua própria família: sua mãe sofreu violência doméstica e demorou anos para deixar o marido.

A divisão de opiniões

Apesar do sucesso, o livro gerou debates acalorados. Parte do público e da crítica considera que Hoover conseguiu mostrar a complexidade da perspectiva de uma vítima, evidenciando os motivos que dificultam a saída de um relacionamento abusivo.

Por outro lado, há quem critique a autora por supostamente romantizar a violência. Algumas decisões de Lily no desfecho e a justificativa dada ao passado traumático de Ryle são vistas como problemáticas por leitores que esperavam um tratamento mais direto e condenatório.

Outro ponto de controvérsia foi o marketing em torno da obra. Impulsionada por campanhas de fãs e redes sociais, a narrativa chegou a ser vendida como uma história de amor, o que gerou desconforto em quem vê no enredo um alerta contra o abuso.

Polêmicas fora das páginas

Em 2023, Hoover anunciou o lançamento de um livro de colorir inspirado em “É Assim Que Acaba”, afirmando que seria uma homenagem à força de Lily. A proposta gerou forte reação negativa e acabou cancelada. Meses depois, a autora lançou, em parceria com uma marca norte-americana, uma coleção de esmaltes baseados em seus livros – incluindo o título polêmico – e voltou a receber críticas.

A adaptação para o cinema

No filme, Colleen Hoover trabalhou no roteiro ao lado de Christy Hall, com Justin Baldoni na direção e no papel de Ryle. Blake Lively, além de viver Lily, atua como produtora. Brandon Sklenar interpreta Atlas.

A escolha do elenco, no entanto, gerou novas discussões. Os atores são mais velhos do que os personagens originais – no livro, Lily tem 23 anos e Ryle, 30, enquanto Lively e Baldoni têm 35 e 39 anos, respectivamente. A própria autora admitiu que essa mudança foi intencional para corrigir um erro de concepção da obra.

Segundo Hoover, ao escrever o livro seguiu uma tendência do gênero “new adult”, que retrata personagens universitários. No entanto, percebeu depois que seria irreal um neurocirurgião tão jovem quanto o descrito. Para o filme, a decisão foi envelhecer os protagonistas, tornando a narrativa mais verossímil.

Com o lançamento nos cinemas, “É Assim Que Acaba” retoma o centro das atenções, reacendendo debates sobre como abordar temas sensíveis na ficção e até que ponto o entretenimento deve equilibrar realismo, responsabilidade e emoção.